Ahmad Ghossein é um artista e cineasta. Ele possui um Mestrado em Artes Visuais pela Academia Nacional de Arte (KHIO) em Oslo e um BFA em Teatro pela Universidade Libanesa, em Beirute.
Sua prática utiliza uma série de mídias, incluindo videoarte, instalação, arte em espaços públicos e fotografias e filmes. O ponto de partida de seu trabalho é a coleta e análise de fatos, documentos e imagens encontradas, que então alimentam um corpo de trabalho que se baseia no potencial da imagem em movimento. Ele está interessado na conexão entre experiências humanas individuais e realidades históricas e políticas compartilhadas. Seu trabalho é impulsionado pela experiência pessoal e emocional, mas é essencialmente preocupado com a maior dinâmica política do seu tempo.
Seus trabalhos incluem:
The Fourth Stage [A Quarta Fase] – Líbano / 2015 / Vídeo / Encomendado pela Sharjah Art Foundation, Relocating the Past, Ruins for the Future [Realocando o Passado, Ruínas para o Futuro] – Noruega / 2013 / um projeto de espaço público, You have to Swim, You have no Choice [Você tem que nadar, você não tem escolha] – Líbano e Noruega / 2012 / Vídeo / Comissionado e nomeado para a Exposição da Fundação DnB Nor Sparebank 2012, Oslo Art Association. Yesterday’s News [Notícias de ontem] – exposição individual – Kunstforening / 2012 / Oslo. This is not the news of today [Esta não é a notícia de hoje] – Noruega / 2012 / Vídeo. My Father is Still a Communist [Meu pai ainda é um comunista]. Líbano / 2011 / Vídeo / Encomendado pela Sharjah Art Foundation. What Does Not Resemble Me Looks Exactly Like Me [O que não se assemelha a mim se parece exatamente comigo] – Líbano / 2009 / Vídeo / Com Ghassan Salhab e Mohamad Soueid. Faces Applauding Alone [Rostos aplaudindo sozinhos] – Líbano / 2008 / Vídeo / 210m – Líbano / 2007 / Vídeo / 10” / Comissionado por Ashkal Alwan.
O último curta-metragem de Ghossein, White Noise, produzido sob os auspícios da Lebanon Factory, abrirá a Quinzena dos Diretores do Festival de Cannes (La Quinzaine des Réalisateurs – Cannes) 2017. Ele foi premiado com o Prêmio Programa de Produção pelo Sharjah Art Foundation em 2014, o Prêmio de bolsa de estudos Ibsen em 2013, e Melhor Curta-Metragem no Festival de Cinema de Doha Tribeca em 2011. Ele também é co-curador da CO2, uma plataforma artística em Beirute.
O trabalho de Ghossein foi apresentado em diferentes museus e galerias e foi exibido em vários festivais de cinema em todo o mundo incluindo o Museu de Arte Moderna (MoMa) e New Museum em Nova York, Sharjah Art Foundation, Centre Pompidou em Paris, Oslo Kunstforening, Kunsthall em Oslo, no Koro (Uro) em Oslo, Ashkal Alwan’s Home Works em Beirute, SeMA Biennale Mediacity Seoul, Centro de Arte Nam June Paik na Coréia do Sul, museu MuCEM em Marselha, Nikolaj Kunsthal em Copenhague, Bétonsalon em Paris, Haus am Waldsee, espaço de arte em Berlim, Festival de Cinema de Beirute, Berlinale – Festival de Cinema de Berlin, Festival de Cinema de Dubai, Festival de Cinema de Tribeca Doha, Festival de Cinema de Oberhausen, Ayam Beirut Al Cinema’iya e Fid Marseille Film Festival.
Ele está atualmente se preparando para seu primeiro longa-metragem, All This Victory com a Abbout Productions, Beirute.
PROJETO
A curadora Amanda Khalil participou de um projeto de intercâmbio de pesquisa promovido pelos institutos Goethe no Rio de Janeiro e em Beirute em 2017. Ela foi convidada por Patrick Pessoa, no Rio, (dramaturgo e crítico de teatro, professor de filosofia na UFF – Universidade Federal Fluminense) antes de se tornar sua anfitriã em Beirute, no mesmo ano. Esse primeiro intercâmbio cultural levou a uma pesquisa maior para a produção de uma exposição anterior de intercâmbios de residências de artistas no Líbano e no Brasil.
É na Fundação Delfina (Londres), em março de 2018, que a curadora desenvolve sua proposta, em que o formato da residência é inerente à metodologia da exposição. A residência foi considerada por ser uma situação de ”acolhimento” e desencadear a produção de conhecimento artístico e de curadoria. Por meio da Fundação Delfina, a curadora se encontrou com Frances Reynolds, que demonstrou interesse em apoiar o projeto por sua plataforma e residência no Rio de Janeiro. Convidou Abi Khalil e o artista libanês Ahmad Ghossein para um mês de residência no Instituto Inclusartiz, em junho de 2018.
Essa residência será uma iteração da metodologia da exposição. Será dedicada à pesquisa para uma comissão futura do artista. Pontuada por uma série de programas públicos e intercâmbios com instituições e comunidades anfitriãs, essa imersão de um mês no Rio dará suporte à pesquisa, tanto da exposição quanto da comissão.
O projeto e a exposição são inspirados nas narrativas históricas, sociais e culturais associadas à diáspora libanesa (e árabe) no Brasil e nas relações recíprocas que esses dois países vêm mantendo desde o final do século XIX. É amplamente conhecido que há pelo menos três vezes mais descendentes de libaneses no Brasil do que no Líbano, e que o Brasil abriga a maior diáspora árabe (principalmente do Levante: Líbano, Síria e Palestina) no mundo. Desde a independência do Brasil, em 1822, aqueles que ingressaram no país não eram mais colonizadores, mas migrantes.
O Brasil poderia ser visto como um território utópico onde o sectarismo árabe se dissolveu. Uma terra de acolhimento, de braços abertos, conhecida por sua identidade e a política xenófilas históricas. Os “vistos humanitários” praticados no Brasil garantiram um novo lar para os pobres e vulneráveis durante séculos. Antes da crise econômica de 2015, políticos brasileiros alegavam que o país poderia resolver a crise global de refugiados. Moldada em torno do tema da hospitalidade, vista do ângulo da migração histórica, do clima xenófobo contemporâneo (crise de refugiados) e da noção de deslocamento inerente ao mundo da arte global (a exposição e sua metodologia), a exposição será co-produzida e exibida no Brasil e no Líbano em 2019-2020.
Amanda Khalil