Programações
Exposição Miguel Afa — Em construção
No dia 11 de novembro, o Centro Cultural Inclusartiz abre ao público sua nova exposição: “Miguel Afa — Em construção”. Sob a curadoria de Victor Gorgulho, curador-chefe da instituição, a mostra individual irá ocupar o espaço expositivo do primeiro andar até fevereiro de 2024 com um recorte de cerca de 20 pinturas da produção recente do artista Miguel Afa (Rio de Janeiro, 1987) — incluindo trabalhos inéditos — voltados para a sua pesquisa em relação ao uso da cor.
Norteada pelo tempo de maturação que um artista leva para entender e identificar em sua obra aquilo que é reincidente e realmente importante em seu repertório poético, visual e temático, a curadoria desta exposição chama atenção para uma produção artística em processo, em transformação. Nome proeminente do cenário carioca da arte contemporânea, Miguel Afa nasceu no Complexo do Alemão, Zona Norte da cidade, e iniciou sua carreira como grafiteiro nos anos 2000. Desde 2019, vem se dedicando à pintura e explorando suas inúmeras nuances em paletas que transitam entre tons de marrom, bege, terra, preto e suas muitas variações.
“Nesta exposição, temos a chance de presenciar a obra de Afa em construção diante de nossos olhos, nos convidando a contemplar o momento atual em que esta se encontra, já distante dos experimentos iniciais em grafite que ocuparam o início de sua carreira, e ainda afastada do que está por vir. E que nem o artista e tampouco nós podemos atestar o que será”, conta Victor Gorgulho.
O trabalho de Miguel Afa reside no reino figurativo, reconstruindo meticulosamente memórias, tecendo fios enigmáticos do inconsciente com elementos tangíveis da realidade. Este processo o permite criar narrativas profundamente alinhadas com a sua visão artística. Com o tempo, esta jornada em evolução transformou-se numa exploração matizada da cor. Como colorista, descobriu sua autêntica identidade artística.
A construção, presente no título da mostra, realizada em parceria com a galeria NONADA (representante do artista), evidencia-se também na aparição recorrente de casas e construções nas pinturas presentes na exposição — ora em estágio intermediário de seu erguimento, ora em estágio similar às ruínas daquilo que já foi uma casa —, a exemplo da tela de larga escala “O tremor e o terroso” (2023). Trabalhos inéditos da série “Moonlight” (2023), baseadas em frames do filme homônimo de Barry Jenkins lançado em 2016, também estão presentes nesta individual.
“É difícil pensar em resumir em poucas palavras a reunião destas obras. Ao mesmo tempo que há certos hiatos temporais entre elas, elas também se encontram em tempos diferentes, em um cruzamento que eu vejo que é muito forte. Eu também consigo perceber a maturidade que vai crescendo de uma pintura para outra. É como se as pinturas ficassem provocando a si mesmas, umas às outras. Acho que aqui, vendo este recorte apresentado pela curadoria, percebo que estou propondo uma visualidade muito nova dentro do meu trabalho”, conclui Afa.
Sobre o artista
Miguel Afa (1987, Rio de Janeiro, RJ) – Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Iniciou sua trajetória por meio do graffiti em 2001 nas ruas e becos do Complexo do Alemão e frequentou a Escola de Belas Artes – UFRJ. Seu trabalho aborda uma leitura sobre o corpo periférico, contrapondo os aspectos desfavoráveis aos quais são submetidos e propondo outra leitura imagética que potencializa o entendimento de afeto. Por vezes, são imagens singelas e cheias de sensibilidade, em outras, apresentam uma mensagem política direta. O que seu olhar captura ganha uma aura própria com as cores que utiliza; sua paleta amena é um componente fundamental na sua composição, intensificando ainda mais a profundidade do que é representado. Sua cor não é ingênua; também é discurso, um posicionamento sobre as cenas retratadas. Esmaecer é nos lembrar o que é visto e o que é invisibilizado. O artista participou da exposição Paura na ERA Gallery (Milão, Itália). Sua primeira mostra individual é na NONADA, 2023, com curadoria de Igor Simões e, em novembro do mesmo ano, na Galeria Graça Brandão (Lisboa, Portugal)