Joanna Piotrowska (Varsóvia, Polônia, 1985) mora e trabalha em Londres. Possui graduação de Bacharel em Artes pela Academy of Fine Arts, Cracóvia, em 2009, e Mestrado em Artes em Fotografia pela Royal College of Art, Londres em 2013. Em 2014, MACK Books publicou seu projeto FROWST. Suas exposições incluem: Joanna Piotrowska, Dawid Radziszewski Gallery, Varsóvia, 2016; Hester, Southard Reid, Londres, 2015, FROWST, Ethnographic Museum, Cracóvia, 2015; s.w.a.l.k, Project Space, Northern Gallery of Contemporary Art, Sunderland, 2014. Exposições em grupo incluem: What love has to do with it, Project Space, Hayward Gallery, Londres, 2014; Bloomberg New Contemporaries, Institute of Contemporary Arts, Londres, 2013, Give me yesterday, Prada Foundation, Milão, 2016, ROOM, Sadie Coles, Londres, 2016, These Rotten Words, Chapter Gallery, Cardiff, Reino Unido. Joanna atualmente está trabalhando em seu segundo livro com a Humboldt Books.
FRANTIC
O conceito de lar nos conecta com noções de familiaridade, conforto e formação de laços. No entanto, não há que se confundir essa experiência com a simples relação entre corpo e espaço — algo relacionado às infinitas possibilidades de arquitetura, cidade, fronteiras e outros elementos que mudam de um contexto geográfico e cultural para o outro. Diferentemente de um elemento construído que constitui um ambiente, o fenômeno de ser orientado — espacial, temporal, ou socialmente — por uma ordem familiar e cultivar afeto e identificação em relação a um lócus é algo universal, e independe de características específicas. Trata-se de uma relação emocional de pertencimento, passível de ser desenvolvida em qualquer idade, cultura ou local.
O projeto de Joanna Piotrowska desenvolvido durante a residência no Instituto InclusArtiz, no Rio de Janeiro, parte dessas premissas em direção a um interesse pela natureza do espaço doméstico, e combina ativação de situações com produção de imagem através da fotografia. Seus estudos abordam os cruzamentos de relações pessoais, emocionais e corporais com arquitetura, e sensações de privacidade, segurança e intimidade. Na busca por encontros que possam trazer a tona manifestações potentes da subjetividade, a artista convida pessoas para a receber em suas casas e propõe que elas construam pequenos abrigos temporários —ideia inspirada por uma foto de família que registrava a tão conhecida brincadeira doméstica. A partir de um diálogo no lugar, essas estruturas são livremente montadas e mais tarde fotografadas com seus habitantes. É quando abajures, guarda-chuvas e vassouras se juntam a cadeiras, livros e lençóis. Ao passo que a temática infantil é operacionalizada pela racionalização adulta, formam-se pequenos bunkers, choupanas, barracas e tendas dentro de espaços constituídos por ações que miram o privado e o perene. É quando um corpo humano se junta ao exoesqueleto formado com gambiarras. Tudo muito familiar e, paradoxalmente, muito esquisito.
Ao observarmos como cada um reage diante das necessidades imediatas e dos recursos disponíveis atentamos para certos padrões e também marcantes escolhas pessoais. Surgem ícones do cotidiano mental, do lugar subjetivo e da posse material dessas pessoas.
Por fim, pensar o caráter dessas cabanas erguidas dentro de casas comuns nos coloca diante de questões sobre vínculos entre proteção material e guarida afetiva. É inescapável refletir sobre o lugar — espiritual e social — do indivíduo dentro de organizações econômicas e políticas. Vem a tona então a condição de pessoas desabrigadas, em situação de rua ou imigração, enquanto aparece a frágil busca de qualquer arquitetura capaz de oferecer real abrigo em meio ao sempre apocalipse eminente.