Instituto Inclusartiz participa da 19ª edição da SP–Arte
Instituição carioca irá apresentar trabalhos de Hal Wildson, Lucas Lugarinho, Marcela Cantuária, Mulambö, Tadáskía e Vivian Caccuri
Entre os dias 29 de março e 2 de abril, o Instituto Inclusartiz participa da SP–Arte, tradicional feira de arte paulistana que este ano chega a sua 19ª edição. A instituição carioca irá apresentar em seu estande obras de seis jovens artistas brasileiros proeminentes no circuito da arte contemporânea e que já participaram ou desenvolveram projetos em parceria com o instituto: Hal Wildson, Lucas Lugarinho, Marcela Cantuária, Mulambö, Tadáskía e Vivian Caccuri.
Reunidos sob a temática Um Novo Amanhã — uma proposta de construção de novas pontes para futuros mais sustentáveis, sensíveis e diversos — os trabalhos selecionados por Lucas Albuquerque, curador e Coordenador do Programa de Residência Artística e Pesquisa do Instituto Inclusartiz, se tecem a partir de reflexões e debates acerca de desafios ambientais, identitários e de linguagem que se impõem e atravessam as práticas atuais, apontando a arte como uma saída. Não pelo objeto, mas pela potência de transformação que esta possibilita.
“Dentro das nossas atividades, nos preocupamos em oferecer um ambiente de suporte e cooperação para que as iniciativas concebidas pelos artistas, curadores e pesquisadores que fazem ou fizeram parte de nossa trajetória possam gerar projetos de impacto social e ambiental construtivo. Entendemos que este é um fator de desenvolvimento importante não apenas para a cultura, mas para todas as outras instâncias que regem o social”, reforça o curador.
A seleção de obras, de tiragem única, será comercializada na feira como parte do projeto Apoie um Residente, que tem como objetivo o subsídio de artistas, curadores e pesquisadores que integram o Programa de Residências do Inclusartiz. Esta rede visa incentivar o desenvolvimento da produção de nomes de destaque no cenário atual, que serão beneficiados pelo intercâmbio cultural promovido pelo programa na sede do instituto no Rio de Janeiro, ou em outras instituições parceiras.
OPEN STUDIO: LUISA BRANDELLI
No sábado, dia 1º de abril, o Instituto Inclusartiz também irá promover um Open Studio com a artista Luisa Brandelli, como atividade integrante do Circuito SP–Arte, programação paralela à feira. Brandelli, que em 2022 foi premiada com uma bolsa de residência no instituto a partir de uma parceria inédita com a SP–Arte, irá abrir seu ateliê ao público para apresentar trabalhos produzidos ao longo do último ano, incluindo as obras desenvolvidas durante a sua estadia de dois meses na sede do Inclusartiz.
SOBRE OS TRABALHOS EM EXIBIÇÃO NA SP–ARTE
>> Baixe aqui o catálogo de obras.
Singularidades (2022), de Hal Wildson
Feito em papiloscopia, Singularidades (2022) reúne 441 impressões digitais que funcionam como desenhos particulares encontrados nas papilas dos dedos das mãos, singularizando e identificando cada um dos personagens representados. Neste trabalho, o artista goiano utiliza suas próprias digitais para construir imagens por meio da datilografia, misturando com registros fotográficos documentais pertencentes a arquivos públicos. Tomando como ponto de partida os signos da memória e da identidade, Hal Wildson investiga a construção imagética dessa ponte simbólica brasileira.
Crítica à Antropofagia II (2021), de Lucas Lugarinho
Os famosos vídeos de Youtube da subcategoria Primitive Survival mostram pessoas racializadas performando a construção de estruturas aparentemente contemporâneas (como piscinas e casas de dois pisos), mas utilizando-se de instrumentos considerados arcaicos. Com base nestes vídeos, que tensionam imaginários ocidentais sobre a ideia do humano primitivo, o carioca Lucas Lugarinho gera artefatos virtuais que desdobram-se em paralelo com o movimento antropofágico do modernismo brasileiro. A pintura Crítica à Antropofagia II é fruto de uma investigação artística que tem como intuito explorar, revisar, estudar e propor possíveis novas alianças entre observadores e imagens.
Ovo apunhalado (2019), de Marcela Cantuária
A série Oráculo Urutu (2019–2021), da artista carioca Marcela Cantuária — da qual a pintura Ovo apunhalado (2019) faz parte — apresenta um universo onírico em que o cinema, a telenovela, a música e a literatura subjazem uma base de cor e forma, revelando lutas por emancipação atreladas aos crescentes movimentos de insurreição frente ao imaginário colonial, que persiste incrustado nas estruturas das sociedades e das instituições modernas. Tal processo inclui citações a trabalhos de Clarice Lispector, Conceição Evaristo, Glauber Rocha, Gilberto Gil, Guimarães Rosa, João do Vale, Carlos Drummond de Andrade, Linn da Quebrada, entre muitas outras.
Rubro, da série O Navio Negreiro (2019), de Mulambö
A série O Navio Negreiro (2019) parte do poema homônimo escrito por Castro Alves, um dos maiores nomes do romantismo brasileiro, em 1868. O texto é considerado um importante manifesto antiescravista, denunciando o tráfico de pessoas escravizadas 18 anos após a prática ter sido proibida no país. A poesia de Alves, narra imagens que confrontam a consciência coletiva de seu tempo, criada pelo sistema colonial, e também traz à tona sua visão inconformista do “status da amargura”, moldado pela experiência surreal de pessoas negras em um mundo branco. A série de trabalhos desenvolvida pelo artista carioca Mulambö foi especialmente concebida para uma nova edição da publicação de Castro Alves lançada em 2022 pela editora Antofágica.
O planeta (2021), de Tadáskía
O planeta (2021) é um díptico produzido a partir de esmalte de unha, spray, pastel seco, carvão e lápis de cor. Nestes trabalhos, batizados pela curadora Clarissa Diniz como “uma dupla de irmãs, de primas ou de parecidas, uma família (não necessariamente sanguínea)”, a artista carioca Tadáskía mescla os pigmentos no papel sem fixador, espalhando com as mãos sombreados e marcas que criam uma mistura eclipsada de sua imaginação acerca do mundo.
Vessel in Stereo (2022), de Vivian Caccuri
Vessel in Stereo (2022) faz parte de uma série de trabalhos em que Vivian Caccuri investiga o fenômeno da vibração e como ele é capaz de gerar experiências coletivas transformadoras. Inspirada em como diferentes ritmos e frequências podem afetar a dinâmica de grupo (como em templos, pistas de dança e espaços urbanos), a artista, natural de São Paulo, analisa as relações multifacetadas entre corpos e ondas sonoras. Apontando para as dimensões invisíveis da vida e da subjetividade, seus trabalhos destacam os laços invisíveis que nos conectam uns aos outros, refletindo sobre como o som pode integrar comunidades e desmantelar ideias pré-concebidas sobre o que os corpos são, podem fazer e podem se tornar.
SERVIÇO
Estande Inclusartiz SP–Arte 2023 | 29/03 a 02/04
Pavilhão da Bienal (acesso pelo portão 3), estande I05 – Av. Pedro Álvares Cabral, s/n – Parque Ibirapuera, São Paulo – SP.
Mais informações em https://www.sp-arte.com/
Circuito SP–Arte – Open Studio: Luisa Brandelli | 01/04, das 14h às 17h30
Rua Goiás, 10, apto 41, Higienópolis, São Paulo-SP.