Centro Cultural Inclusartiz promove mesa de conversa com Carlos Vergara
Com a participação do Curador-chefe do instituto, Victor Gorgulho, e do pesquisador e escritor Maurício Barros de Castro, artista abordou a produção de sua icônica série Carnaval
No dia 17 de março, o Centro Cultural Inclusartiz promoveu uma conversa com o artista Carlos Vergara, como programação paralela à exposição “Da Avenida à Harmonia: mais de um século de carnaval no Centro do Rio de Janeiro”, da qual ele participou. A atividade contou com a participação do Curador-chefe do Instituto Inclusartiz e responsável pela seleção de obras da mostra coletiva, Victor Gorgulho, e do pesquisador Maurício Barros de Castro, que escreveu o livro Carnaval-Ritual: Carlos Vergara e Cacique de Ramos, publicado pela editora Cobogó em 2021.
A conversa teve como mote a icônica série fotográfica Carnaval (1972-1976), de Vergara, presente na exposição do Inclusartiz e amplamente abordada por Barros de Castro em seu livro. Por meio deste conjunto seminal de trabalhos, o artista conseguiu documentar sua profunda conexão com o bloco Cacique de Ramos, surgido no Rio de Janeiro nos anos 1960 e até hoje presença incontestável como um dos tentáculos principais do carnaval carioca.
Na ocasião, Carlos Vergara contou que a sua aproximação com o carnaval se deu a partir de seu primeiro contato com o Cacique de Ramos durante a Ditadura Militar. “Dos 7 mil componentes eu sou 1”, o lema entonado por Bira Presidente, fundador do bloco, representou para Vergara a força da coletividade e da união em um período tão conturbado, um grande gesto político que o Cacique levava (e continua levando) às ruas.
“O Cacique tem essa coisa instintiva de dividir com as pessoas. Na verdade, a arte é dividir coisas com as pessoas. E o ideal é fazer alguma coisa nunca vista, uma surpresa. Que vai ser uma surpresa primeiro para mim e que eu vou dividir com os outros”, contou ao público.
A conversa também perpassou outros momentos da carreira de Vergara, como a mostra EX-posição (1972), no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Agendada como uma exposição individual, a exposição acabou se tornando uma coletiva organizada por Vergara, em que os outros artistas – nomes como Roberto Magalhães, Caetano Veloso, Chacal e Waltércio Caldas – também puderam se posicionar criticamente em relação à realidade política do país.