Residentes

Xadalu Tupã Jekupé

Brasil

Xadalu Tupã Jekupé é um artista indígena. Nascido em Alegrete (RS), no pampa gaúcho, tem sua origem Guarani ligada aos indígenas que historicamente habitaram as margens do Rio Ibirapuitã, na antiga terra Ararenguá: os Guarani Mbyá, Charrua, Minuano, Jaro e Mbone. Em suas obras, usa da serigrafia, da pintura, da fotografia e de diversos objetos para abordar a tensão entre a cultura indígena e ocidental nas cidades, tendo sua pesquisa voltada aos processos coloniais de catequização dos povos indígenas. Como artista residente, já esteve em países como França, Espanha, Itália, além de ter participado do programa de residências da 35a Bienal Internacional de São Paulo, com foco no território Mapuche (Chile).

Em 2020, sua obra “Atenção Área Indígena” foi transformada em bandeira e hasteada na cúpula do MAR – Museu de Arte do Rio. Meses depois, venceu o Prêmio Aliança Francesa com a obra “Invasão Colonial: Meu Corpo Nosso Território”, que o levou a uma residência artística na França em 2021. Neste mesmo ano, foi convidado para ser artista residente do Instituto Inclusartiz, o que resultou na exposição “Tekoa Xy ‘A terra de Tupã”, sua primeira individual no Rio de Janeiro e mostra de estreia do Centro Cultural Inclusartiz.

Additional Information

Exposições Individuais

Xadalu Tupã Jekupé | Galeria Bolsa de Arte/ São Paulo,SP/ 2021
Cosmovisão | Museu Nacional de Belas Artes/ Rio de Janeiro, 2021
Área Indígena | Ação da Bandeira do MAR/ Museu Arte do Rio, 2020
Invasão Colonial Yvy Opata “A terra vai acabar” | MACRS / Porto Alegre,2020
Espaço, Arte e Resistência na Cultura Guarani | curadoria Luciano Migliaccio | FAU –
USP, São Paulo/SP 2019
Fauna Guarani | Galeria Bolsa de Arte , Porto Alegre/Rs 2018
Tribalismo | Galeria Generation Berlin Mitte Hostel, Berlin/ Alemanha, 2017
Tribalismo | Galleria d ́arte Puzzle, Firenze/ Itália, 2017
Elementos Urbanos | Centro cultural Erico Veríssimo, Porto Alegre/Rs, 2016
Aldeia dos Anjos | IAB – Porto Alegre/Rs, 2015
O Dilúvio | 13a Semana de Museus, MARGS, Porto Alegre- O Dilúvio / 13a Semana
de Museus, MARGS, Porto Alegre, 2015
Xadalu – O Índio Universal / 72Ny Gallery, Porto Alegre/Rs 2014
Exposições Coletivas
Exposição Die Macht der Vervielfältigung, Instituto Goethe|Leipziger Baumwollspinnerei / Leipzig, Alemanha,2019
O Poder da Multiplicação, Curadoria Gregor Jansen. Instituto Goethe, Margs, Porto
Alegre, 2018
Salão Arte Pará | Curadoria Paulo Herkenhoff/ Museu UFPA, Belém/PA, 2018
RSXXI Experimental | Curadoria Paulo Herkenhoff, Santander Cultural , Porto Alegre,
2018
Projeto Arte no Muro Santander Cultural | Santander Cultural/ Porto Alegre,2015
Arte x Publicidade | MARGS, Porto Alegre , 2015
Dimensão Pública | Centro Cultural Erico Veríssimo, Porto Alegre, 2015
Vontade para tudo na vida | 20 anos do Museu de Arte Contemporânea do Rio
Grande do Sul, MACRS, 2014
Conexões Globais | Casa de Cultura Mário Quintana, Porto Alegre, 2013
Do Meio | Instituto de Artes Visuais do Rio Grande do Sul/IEA VI, Porto Alegre 2012
Expo Colex | Festival Mundial de Arte – Santos/SP, 2012
Metropolitanos | MACRS Arte e Memória [Art and Memory] / Fórum Social Mundial Temático, Memorial do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2012
Palestras e Oficinas
Curso Mediação Cultural no Sesc|Espaços Educativo-Culturais, cidade e ocupação/
Sesc Rio, Rio de Janeiro – RJ, 2020
Palestra História e mito: os povos Huni-Kuin e Guarani |IEA-USP |Cátedra Olavo
Setúbal, São Paulo ,2019
Palestra Raça e Artes Visuais em Terra Brasil | Bienal Mercosul/ RS 2019
Mediação no Encontro Nacional Sesc Artes visuais/ Aldeia Pindó Mirim/ Porto
Alegre,Rs
Palestra Resistência na Cultura Guarani| FAU – USP, São Paulo/SP 2019
Palestra Xadalu movimento Urbano | Santander Cultural, Porto Alegre/Rs 2017
Palestra Xadalu movimento Urbano | Universidade Sorbonne, Paris/França 2017
Ministrante curso extensão Serigrafia | UCS- Caxias Do Sul,RS 2016
Palestra Xadalu Elementos Urbanos- UCS – Caxias do Sul RS – 2016
Oficina de Sticker Art | Justiça Federal – RS / FASE – 2015
Palestra “Movimento Urbano”, IMED, Passo Fundo-RS, 2015
Oficina de Arte Urbana | Atelier Livre, Porto Alegre-RS, 2015
Oficina de Serigrafia | Festival Macondo Circus, Santa Maria-RS – 2014
Residências Artísticas
2020 Centre Intermondes /La Rochelle/ França
2019/2020 Aldeia Guyra ́i Tapu/ Paraty. RJ, Brasil
2019 Atelier Carlos Vergara/ Rio de janeiro, RJ, Brasil
2019 Fundação Iberê Camargo / Porto Alegre/RS, Brasil
2019 Aldeia Yjere / Porto Alegre / Rs, Brasil
2019 Aldeia Anhetengua / Porto Alegre/RS, Brasil
2018 Aldeia Pindo Mirim/ Itapuã , RS Brasil
2017 Aldeia Pindo Poty Missiones, Argentina
2016 Aldeia Tamandua/ Missiones, Argentina
2015 Aldeia Koenju/ São miguel Das missões/Rs, Brasil
2014 Aldeia Pindo Poty/ Porto Alegre/Rs, Brasil
Prêmios
Prêmio Aliança Francesa 1º lugar/ 2020
Prêmio Salão Anapolino (artista selecionado) 2020
Prêmio Fundação Iberê Camargo 2019
Prêmio Açorianos de Artes Plásticas | Artista Revelação, 2019
Prêmio Facrs Artes Visuais| Projeto Fauna Guarani,2016
Indicado para o Prêmio Açorianos Artes Plásticas,2016
Indicado para o Prêmio Açorianos Artes Plásticas,2015
Prêmio Humanidades 2014 | Instituto Brasileiro da Pessoa Homenagem pela defesa
da causa indígena aliada às questões sócio culturais deste tempo.
Melhor Artista | Expo Colex Mostra Internacional de Sticker Art – Santos/SP, 2012
Filmes
Xadalu e o jaguaretê|​Documentário, 80 min. Direção Tiago Bortolini. Zeppelin
Filmes,2019
Sticker Conection|Documentário, 19min. Direção Tiago Bortolini. Zeppelin Filmes,2014.
Livro
Xadalu movimento Urbano|Jorner Produções, 2016
Obras em acervo
Coleção Frances Reynolds
Coleção Paulo Sartori
Sesc Nacional
Fundação Iberê Camargo
Fundação Biblioteca Nacional Rio de Janeiro
MAR – Museu Arte Rio
MACRS – Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul
MARGS – Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli
Memorial da Justiça Federal-RS
Xadalu
Diagramas de alteridades e trocas
Por : Paulo Herkenhoff
Xadalu e guaranis:
diagramas de alteridade e trocas
A situação das sociedades originais das Américas é a evidência fragorosa do fracasso do processo colonial. Em quinhentos anos de invasão, os povos autóctones conheceram a rapsódia invertida de um épico perverso onde ocorreram genocídios, escravização, guerras simbólicas, proselitismo de religiões cristãs, doenças novas, fome, extinção e dizimação, imperialismo linguístico, degradação cultural, diásporas, destruição do ambiente, usurpação de terras
e outras riquezas, roubo de saberes, sob muita violência difusa. “Como essa história do contato entre os brancos e os povos antigos daqui desta parte do planeta tem se dado?”, indaga Ailton Krenak em seu blog. A arte de Xadalu não vai mudar o mundo, mas pode alterar nosso olhar sobre as coisas. Ao abraçar a causa dos guaranis, ele conforma um ethos para sua arte de agenciamento social.
Seu nome é Dione Martins. Xadalu vem de Shadaloo, do jogo Street Fighter. Na infância, ele e um amigo imaginaram criar a empresa Xadalu. Nas primeiras intervenções nas ruas, ele colocou o nome Xadalu no indiozinho que colava pelas paredes e passou a ser chamado de Xadalu, por ser um street fighter, um guerreiro das ruas como gari e artista.
Embora seja trineto de guaranis por conta de Adalva, sua trisavó materna, Xadalu não reivindica a identidade guarani. Por puro pudor, alega não falar guarani e considera a língua um fator constitutivo da identidade cultural. No Amapá, Pituku Waiãpi fazia perguntas na língua waiãpi como parte do processo de pintar seus quadros “aí eles me respondem em waiãpi, onde é para pintar, o que falta”. Xadalu se tem por mestiço, pois sua mãe Maria Catarina Martins da Luz é negra; daí não ousar falar em nome dos guaranis, mas, através de sua arte, reivindicar a visibilidade da etnia. Após entender sua própria identidade, formou a identificação irmanada com os guaranis. Diz ele: “Minha vó Dalva [Dalva Oliveira da Luz] era um fragmento indígena que ainda resistia vivendo na beira do rio, morava numa casa de barro e capim, vivia da pesca.” A fala de Xadalu é moldada pela linhagem feminina. “Elas me mostraram o quanto as fortalezas podem ser vulneráveis e ao mesmo tempo inquebrantáveis, pois tudo vai depender da circunstância e do ponto de vista em que a vida nos coloca”, afirma. Xadalu compôs o êxodo rural e superou a condição de lúmpen, mas não é um artista do miserabilismo. A partir da vivência, ele proclama o “matriarcado de Pindorama”, que Oswald de Andrade consagrou no Manifesto Antropófago (1928). Em Alegrete, onde nasceu em 1985, nunca havia pensado nos guaranis, “já que não existe aldeia ao redor de Alegrete, foram todas exterminadas, mas sabemos que depois da guerra guaranítica houve refugiados guaranis que foram morar na beira do rio Ibirapuitã”.
Em 1996, dona Maria e dona Dalva, mãe e avó de Xadalu, tomaram uma decisão. “Viemos tentar uma nova vida em Porto Alegre e, por falta de emprego e péssimas condições financeiras, fomos parar numa periferia, a Vila do Funil”, informa o artista. Até 1999, ele e sua mãe juntavam latinhas para sobrevivência. Depois, foi gari. Em 2003, criou uma oficina de serigrafia na Vila do Funil. A mãe e a avó sempre estimularam Dione a estudar, malgrado a vida precária. Lembrando-se da Serigrafia Gaúcha, seu primeiro emprego, diz que “nem imaginava o que viria, só sabia que lá eles pagavam almoço e passagem”.
Numa virada de ano, o street fighter Xadalu colou quase 10 mil adesivos pela cidade. É um caso raro de um artista mestiço que retoma questões estratégicas de sua integração numa metrópole. Rege-se por uma intencionalidade precisa: tornar os guaranis visíveis. “Em pouco tempo já estava íntimo das ruas e mal sabia que nunca mais iria conseguir viver sem elas. Essa mistura de periferia com asfalto (ruas) tornou empírico meu DNA marginal. Tanto a periferia quanto a rua, sinto elas como a extensão do meu corpo, fazem parte de mim.” Hoje Xadalu tem um círculo de amigos pichadores como Toniolo, o mais antigo pichador do Brasil, e colabora com Smok e Dick da grife Maiorais .
Xadalu trata de deslocamentos territoriais, de sua saída do interior para a capital até o reconhecimento da diáspora dos guaranis. Sua metáfora, os primeiros trabalhos na rua como catador de latinhas e gari, num percurso dos desterrados. Xadalu produz uma obra que, quanto mais dispersada, mais eficiente é sua comunicação. Ele conheceu o extremo da margem – “as vassouradas nas ruas de Porto Alegre, no primeiro emprego como gari, me mostraram um mundo de preconceito, desigual e desleal, mas tudo isso foi bom para fortalecer meu aprendizado”. A utopia tem a substância do humanismo no projeto de Xadalu. O humanismo, por sua inatualidade, possibilita-lhe convocar o conceito em face da radicalidade de situações brutais do “inumano no humano”, nos termos da análise de Emmanuel Levinas de Humanisme del’ autre homme.
No oposto do guarani italianizado de Il Guarany de Carlos Gomes, Xadalu age por contaminações culturais do homem nativo concreto, numa interculturalidade atravessada por trocas e resistência à violência. Ele sabe que a diáspora guarani foi e é imensa. “O Ibirapuitã, rio que banhava minha cidade”, conta Xadalu, “desemboca no Ibicuí, que desemboca no rio Uruguai (rio onde teve muitos conflitos de guerras e extermínios indígenas; até hoje causa incômodo aos guaranis, pois é uma fronteira onde eles têm que pedir para passar para ver seus parentes que moram na Argentina)”.
“Disseram que meu bicho pode ser o jaguaretê (onça)”, diz Xadalu. Toda onça é, portanto, um autor retrato. Seus guaches exploram temperaturas quentes sob a harmonização estridente das cores, como acontece com pinturas de alguns artistas amazônicos, como os ashaninkas e os huni kuin na região do Acre, e Carmézia Emiliano entre os macuxis em Roraima. Os bichos de Xadalu têm um desenho sinuoso, próximo de certa cultura gráfica pop articulada aos animais na madeira dos guaranis. Tudo nele remete a uma visão periférica da cultura visual–a rua, o subúrbio, as aldeias guaranis.
A situação dos territórios guaranis demarcados gera penúria por sua diminutez e dificuldades de sobrevivência digna. A presença de guaranis nos espaços públicos de Porto Alegre é alvo de hostilidades de alguns comerciantes, que acham que “os índios estragam o ambiente”. Xadalu produziu um cartaz por volta de 2015 com a inscrição ÁREA INDÍGENA, em verde e amarelo. Houve uma enorme reação. Os guaranis se regozijaram e entenderam que era um espaço para seu artesanato; os comerciantes sentiram-se ameaçados. Um cacique pediu a Xadalu que espalhasse pelo centro. Numa noite, Xadalu colou mil deles! ÁREA INDÍGENA é um dispositivo antides territorialização. “No dia em que não houver lugar para o índio no mundo, não haverá para ninguém”, diz Ailton Krenak. Xadalu reivindica o reconhecimento das terras guaranis, a reterritorialização das aldeias e o reconhecimento simbólico da Tekoha.
Para entender Xadalu, examine-se a etimologia do termo solidariedade–do latim solidus, inteiro, consistente. Nele, solidariedade é a responsabilidade recíproca num meio social, de pessoas que criam relações de trocas simbólicas e sob vínculos estéticos e éticos, remuneradas de modo justo. Não é salário, mas colaboração. A esta arte, chamo de diagramas de alteridade.
A arte, para além das paredes, molduras e pedestais, é atividade que cura, escuta e dá voz, provê e torna visível a quem vive sob estado de subalternidade. No oposto, está o artista extrator da mais-valia simbólica da cultura da adversidade, explorador das condições subalternas do Outro nos moldes de funcionamento do capitalismo. Em geral, esse Outro social é o excluído na rígida sociedade de classes do Brasil da imobilidade, cujo antídoto não é a ascensão pelo consumo, mas tem que ser a emancipação sociopolítica. Alguns diagramas de alteridade são:
Cura e equilíbrio estavam na arte-terapia de Nise da Silveira e Osório César. Lygia Clark dissolveu a arte num modelo terapêutico como a “estruturação do self” no espaço pré-verbal.
Escuta. Alguns artistas abrem espaços de escuta para segmentos da sociedade: Dias & Riedweg com menores de rua, Walda Marques com vendedoras de cheiro do Pará, Rosana Palazyan (No lugar do Outro), Rivane Neuenschwander e Xadalu. O vídeo Ymá Nhandehetama (Antigamente fomos muitos), de Armando Queiroz, é um colóquio sobre a situação das populações autóctones hoje com Almires Martins Guarani, que defendeu uma tese no Pará sobre direito indígena guarani.
Dar voz. Estratégia do Vídeo nas aldeias , do antropólogo Vincent Carelli, que propicia meios tecnológicos para a ação simbólica aos indivíduos.
O artista provedor não suga a mais-valia simbólica e material da experiência de vida do Outro, mas oferece produção de renda: Geraldo de Barros, Celeida Tostes, Alexandre Sequeira, Bené  Fonteles, Eduardo Frota e Igor Vidor.
Tornar visível . Hélio Oiticica, Lygia Pape, Cildo Meireles, Sebastião Salgado e Paulo Nazareth trazem à luz dramas da existência. Xadalu produziu retratos de cinco crianças, mulheres e homens guaranis que portam uma pequena escultura do animal com que se identificam: esses Seres invisíveis são retratos-emblemas de subjetividades, como a de Gustavo Ortega, que porta uma coruja, que ombreiam com a série Marcados para viver, de Claudia Andujar, dos ianomâmis. Porque os trabalhadores guaranis passam por impercebíveis nas ruas de Porto Alegre, Xadalu imprime seus retratos sobre chapas de raio X, em forma de negatoscópio.
Advogar pela causa das sociedades autóctones . Nos anos 1960, expande-se a consciência do genocídio dos povos da floresta praticado impunemente pela expansão territorial do capitalismo sobre seus territórios durante a ditadura de 1964. As grandes forças de denúncia foram os antropólogos e indianistas, as universidades, a imprensa (fotojornalistas, como Claudia Andujar junto aos ianomâmis), a Igreja Católica e os artistas (Cildo Meireles e Claudia Andujar).
Contra a mais-valia simbólica. Um processo de agenciamento do capital simbólico coletivo. Paula Trope (Meninos do Morrinho) é exemplo da solução equânime para o problema da mais-valia simbólica. Muitos artistas contemporâneos não extraem a mais-valia simbólica e material do discurso calcado na experiência de vida do Outro. Ao contrário, incorporam a colaboração autoral, praticam a escuta social e proveem algum retorno ou remuneração. Xadalu substituiu a alienação pela constituição do Outro em sujeito moral e econômico, individual ou coletivamente. Entre os diagramas de alteridade de Xadalu, estão:
Cursos profissionalizantes. Ensino de serigrafia nas aldeias Tekoá Koenju, Tekoá Pindó Mirim e Tamanduá para jovens usarem a figura do indiozinho Xadalu na edição de camisetas para venda.
Banheiro. Não havia banheiro em Pindó Poty, a aldeia mais pobre de Porto Alegre. Em diálogo com o cacique, Xadalu constrói um.
Reflorestamento. Preza, marca de armações de óculos, criou um modelo com seu indiozinho. Xadalu usou seus honorários em Pindó Poty. Como lá não há artesanato porque a mata foi devastada, ele propôs o plantio de kurupi para produzir madeira para os artesãos no futuro (cerca de trezentas mudas). “O alinhamento com as aldeias do Rio Grande do Sul foi inevitável”, revela um Xadalu luminoso, “me sinto como o jabuti, o mensageiro que leva e traz a informação.” Xadalu não fica à espera por mudanças na sociedade, mas busca agenciar sua potência para agir na escala individual–não se move por impotência; reconhece a pequena medida de suas possibilidades, sem submergir na onipotência. Seus riscos e dúvidas movem sua pulsão de vida no contexto de um contrato social solidário da arte.

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