5 de junho de 2022

Instituto Inclusartiz recebe primeiras selecionadas para o programa de residências artísticas de 2022

A artista belenense Moara Tupinambá e a curadora recifense Paulete Lindacelva iniciam pesquisa de quatro semanas no centro cultural do instituto a partir do dia 6 de junho

O Instituto Inclusartiz inicia a partir da próxima segunda-feira, dia 6 de junho, a nova edição de seu renomado programa de residências artísticas. A artista belenense Moara Tupinambá e a curadora recifense Paulete Lindacelva compõem a primeira de quatro duplas a ocuparem ao longo de um mês o centro cultural do instituto, no bairro da Gamboa, Região Portuária do Rio de Janeiro.

A atual edição da iniciativa, uma das mais completas e relevantes do gênero no país, recebeu mais de 530 inscrições para a chamada aberta realizada no início deste ano, que contemplou o Brasil de Norte a Sul, bem como as nações da África Meridional. Os outros seis talentos nomeados são as artistas Filomena Mairosse (Maputo, Moçambique), Naiara Jinknss (Belém) e Patfudyda (Rio de Janeiro); e as curadoras Brígida Campbell (Belo Horizonte – MG), Mariana Souza (Recife) e Mkutaji Wa Nija (Pretória, África do Sul) .

Também integram o programa de residências em 2022 a artista gaúcha Luísa Brandelli, escolhida através de uma parceria do Inclusartiz com a SP-Arte, e mais um nome a ser definido em iniciativa semelhante com a feira Arte Pará, que acontece em julho.

Artista multiplataforma, Moara Tupinambá utiliza desenho, pintura, colagens, instalações, escrita, vídeo-entrevistas, fotografias e literatura numa poética que percorre cartografias da memória, identidade, ancestralidade e reafirmação tupinambá na Amazônia.

Ao longo da residência, Moara irá criar um Códex Tupi, baseado nos códex Astecas e Maias. A artista pretende resgatar a história Tupi, inserindo-a em um tipo de escrita gráfica que resgata uma pedagogia indígena para a contemporaneidade. O conteúdo será traçado não apenas por visitas a acervos e pela pesquisa de documentos, mas também por entrevistas que investigam as lutas atuais de sua etnia.

“É importante denunciar quais foram as estratégias de apagamento e diluição de nossa identidade, assim como demarcar os elementos comuns entre os Tupinambás da Amazônia e de outras regiões, tais como o Rio de Janeiro”, afirma a artista.

Recifense radicada em São Paulo, a curadora independente, DJ, artista visual e apresentadora Paulete Lindacelva tem sua produção permeada por questões de raça, desobediência de gênero e políticas de afirmação e oralidade.

O seu trabalho de pesquisa busca desdobrar atividades que já vinha realizando anteriormente, em formato de podcasts, programações de cinema e materiais impressos, que traziam reflexões a respeito dos impactos na vida de pessoas LGBTQIAP+, exacerbados durante estes últimos anos de pandemia. No projeto submetido para o Inclusartiz, Paulete pretende construir uma revista ou arquivo impresso com um conjunto de obras transdisciplinares que reflitam sobre vida, morte, território e redistribuição de violência da população LGBTQIAP+. Também está aberta a desdobrar a pesquisa em outras mídias, como podcasts e exposições.

SOBRE O PROGRAMA DE RESIDÊNCIAS

O Programa de Residências Artísticas do Instituto Inclusartiz tem como objetivo incentivar a produção, a pesquisa e a reflexão em arte contemporânea. Ao longo de seus 25 anos de história, o instituto recebeu artistas, curadores e acadêmicos, do Brasil e do exterior, cujos projetos visam construir pontes entre suas investigações e a comunidade artística local.

Recepcionados na sede, no Rio de Janeiro, ou em instituições parceiras, como a Delfina Foundation, em Londres, e a Rijksakademie, em Amsterdã, os residentes contam com apoio curatorial personalizado e auxílio em pesquisa, em um período de quatro, oito ou mais semanas. Como resultado, possibilita-se a realização de exposições, workshops, palestras, mesas de debate e encontros públicos no Centro Cultural Inclusartiz, bem como em outras instituições de arte, universidades e escolas.

Com o desejo de intensificar o diálogo para além do eixo do sudestino, o instituto lançou em 2022 uma convocatória aberta para todo o Brasil e países da África Meridional, a fim de selecionar candidatos para integrar o programa de residências artísticas, na qual se obteve mais de 530 inscrições como resposta.