3 de dezembro de 2021

PRINCIPAL NOME DA ARTE URBANA GAÚCHA, XADALU INAUGURA SUA PRIMEIRA EXPOSIÇÃO INDIVIDUAL NO RIO, NO CENTRO CULTURAL INCLUSARTIZ

Em cartaz a partir de 9 de dezembro, Tekoa Xy “A terra de Tupã” traz cerca de 20
obras de toda a carreira do artista e marca também a abertura oficial da
programação expositiva da nova sede do instituto, na Gamboa

Um dos principais nomes da arte urbana do Rio Grande do Sul, o artista Xadalu Tupã Jekupé inaugura no dia 9 de dezembro a sua primeira exposição individual no Rio de Janeiro. Uma seleção de aproximadamente 20 obras de todas as fases de sua trajetória tomará as paredes do segundo piso da nova sede do Instituto Inclusartiz, um enorme casarão histórico e centenário na Praça da Harmonia, na Gamboa.

“É uma grande honra receber o artista Xadalu Tupã Jekupé na nova sede do Instituto Inclusartiz, cuja vocação é ser um espaço experimental de arte e educação, com as portas sempre abertas para diálogos”, celebra Frances Reynolds,
fundadora do instituto.

Intitulada “Tekoa Xy ‘A terra de Tupã’”, a mostra com curadoria de Aldones Nino marca também a abertura oficial da programação expositiva do novo espaço, que, em julho deste ano, recebeu o próprio Xadalu para uma residência artística de um mês.

“Fico muito entusiasmado em abrir a casa com essa exposição porque ela fala do tempo, do espaço e da memória, dos povos originários que viveram e ainda vivem no Brasil. É também uma forma de colocar em pauta esse espaço onde a casa é localizada, um bairro colonial que abriga o Morro da Providência, a primeira favela do Rio de Janeiro. E o que também me traz imensa alegria é saber que a comunidade está sempre presente, como esteve durante a produção da exposição, mostrando que a arte pode sempre ligar pessoas”, afirma Xadalu.

Obra: Yvy ́i (2019) – Técnica: Gravura em Metal, terra da aldeia Pindó Mirim

Nascido em Alegrete, no Rio Grande do Sul, o artista é descendente dos indígenas que historicamente habitavam as margens do Rio Ibirapuitã. Comprometido com a defesa da causa, da cultura e das narrativas de seu povo, despontou em 2004 ao espalhar adesivos com um rosto ilustrado de um índio sorridente nas ruas de Porto Alegre. Dali em diante passou a usar elementos da serigrafia, pintura, fotografia e objetos para abordar em forma de arte urbana o tensionamento entre a cultura indígena e ocidental nas cidades.

“Essa exposição é o reflexo de todo o ato colonial, dessas tentativas de extermínio e apagamento dos povos originários. Ela faz um contraponto, reivindica, questiona e enfrenta, mostrando que a comunidade está viva, continuará viva e estará sempre presente”, revela o artista, que apresenta na exposição um repertório de linguagens múltiplas, incluindo pinturas, instalações e vídeos.

“Os trabalhos aqui reunidos, localizam-se em uma encruzilhada ontológica, pois refletem um amálgama entre a descoberta de si, realizada a partir do desdobramento de sua ancestralidade Guarani, e a elaboração de trabalhos artísticos que extrapolam a subjetividade ao posicionar-se criticamente diante das políticas de apagamentos e catequização que marcam a história da nação, forjada à revelia de grande parte da população”, completa o curador Aldones Nino.

SOBRE O ARTISTA

Foto: Mayra Silva

Xadalu Tupã Jekupé é um artista mestiço que usa elementos da serigrafia, pintura, fotografia e objetos para abordar em forma de arte urbana o tensionamento entre a cultura indígena e ocidental nas cidades.

Sua obra, resultado das vivências nas aldeias e das conversas com sábios em volta da fogueira, tornou-se um dos recursos mais potentes das artes visuais contra o apagamento da cultura indígena no Rio Grande do Sul.

O diálogo e a integração com a comunidade Guarani Mbyá permitiram ao artista o resgate e reconhecimento da própria ancestralidade. Nascido em Alegrete, Xadalu tem origem ligada aos indígenas que historicamente habitavam as margens do Rio Ibirapuitã.

As águas que banharam sua infância carregam a história de Guaranis Mbyá, Charruas, Minuanos, Jaros e Mbones — assim como dos bisavós e trisavós do artista. De etnia desconhecida, eles eram parte de um fragmento indígena que resistia em casas de barro e capim à beira do Ibirapuitã, dedicando-se à pesca e vivendo ao redor do fogo mesmo depois do extermínio das aldeias da região.

A revelação de seu nome espiritual guarani, Tupã Jukupé, em batismo Nhemongarai (ritual de nomeação), pelo centenário cacique Karai Tataendy Ocã, é parte da reconexão de Xadalu com sua ancestralidade indígena.

Como escreveu o cacique geral Mburuvixá Tenondé Cirilo Karai: “Xadalu Tupã Jekupé é guarani, pois ele sente e vive no mundo guarani e tem seu espírito guarani. Não é por acaso que isso aconteceu, ele é um ser especial, foi nosso Deus Nhanderu que mandou ele, pois existem guerreiros enviados pelos deuses para salvar o seu povo, e o nosso Deus mandou Xadalu para salvar a história do povo Guarani Mbya através da arte”.

Nas palavras de Paulo Herkenhoff, “Xadalu não fica à espera por mudanças na sociedade, mas busca agenciar sua potência para agir na escala individual”. O renomado curador também afirma que “a arte de Xadalu não vai mudar o mundo, mas pode alterar nosso olhar sobre as coisas”.

Em 2020, sua obra “Atenção Área Indígena” foi transformada em bandeira e hasteada na cúpula do Museu de Arte do Rio. Meses depois, venceu o Prêmio Aliança Francesa com a obra “Invasão Colonial: Meu Corpo Nosso Território”, que o levou a uma residência artística na França (2021).

Exposição: Tekoa Xy “A terra de Tupã” – Xadalu Tupã Jekupé
Centro Cultural Inclusartiz: 
Abertura: 
9 de dezembro, das 17h às 21h
Visitação: Sexta, sábado e domingo: 11h às 18h

Entrada franca

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